quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Santidade da Vida II




Uns poucos anos atrás, o pai de uma garota de seis anos de idade que foi brutalmente morta por um pervertido sexual, disse: “Não posso culpar o homem mais do que a sociedade que o produziu”. O criminoso era um homem claramente degenerado. Mas devemos insistir que esse pai era ele mesmo horrivelmente degenerado. Ele estava negando a doutrina da responsabilidade moral pessoal. Estava colocando todo o mundo moral de cabeça para baixo ao chamar o criminoso de vítima. Esse pai estava desprezando a lei de Deus em favor de várias escusas sociológicas para a criminalidade. Salomão expressou claramente as conseqüências de tal delinqüência moral: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável” (Pv. 28:9).
Assim, o poder para matar é o poder de Deus; ele deve ser exercido de acordo com a lei de Deus, e não é o poder do homem, mas de Deus. Esse uso santo do poder para matar também está, de acordo com a Bíblia, envolvido na guerra justa.
Mas esse é apenas um lado da questão. O poder para matar é sob a lei de Deus, e a vida e o viver também estão sob a lei de Deus. Hoje em dia, é popular pensar das leis como uma restrição sobre a vida, e isso é uma atividade amplamente encorajada pelo humanismo existencialista. A vida livre
é a vida além da lei, além do bem e do mal, somos informados; é emancipação da lei e da moralidade. Nossa posição americana histórica, contudo, tem sido a fé cristã que a verdadeira liberdade é sob a lei, a lei de Deus. A sabedoria santa, que significa fé e obediência, é, de acordo com a Escritura, “uma árvore de vida para os que dela tomam” (Pv. 3:18; cf. 11:30). De acordo com a versão de Berkeley do Salmo 19:7: “A lei do SENHOR é perfeita, restaurando a alma”. Ao invés de ser uma forma de prisão, a lei de Deus é para nós a condição de vida.
Analisemos o significado disso: a lei de Deus como a condição de vida. A condição da vida de um peixe, seu ambiente, é a água; tire um peixe da água, e ele morre. A condição da vida de uma árvore, sua saúde e seu meioambiente, é o solo; arranque uma árvore pela raiz, e ela morrerá. Não é um ato de libertação tirar um peixe da água, ou uma árvore do solo. Similarmente, a condição da vida de um homem, o solo da sua saúde moral, espiritual e física, é a lei de Deus. Tirar os homens e as sociedades do mundo da lei de Deus é sentenciá-los ao declínio, queda e morte. Em vez de libertação, é a sua execução. A liberdade do homem é sob a lei de Deus, e a lei de Deus é o ar que dá vida ao homem e à sociedade, a condição básica da sua existência. Quando Moisés chamou Israel a obedecer a lei de Deus e andar pela fé, ele disse: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt. 30:19). “Escolhe pois a vida”, e escolher a vida significa viver em obediência às leis de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, cuja graça salvadora nos capacita a crer e obedecer. Portanto, a lei é a condição da vida do homem porque Deus é o criador da vida e o único fundamento da sua continuação. A lei de Deus é a essência da vida e os termos da vida. Aqueles que adulteram a lei de Deus, ou que advogam qualquer abandono dela, ao invés de buscar liberdade para viver, como alegam, estão na verdade buscando morte. Para um peixe, “escapar” da água é escapar da vida; é uma vontade de morrer. Jesus Cristo, falando como a Sabedoria há décadas, declarou: “Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte” (Pv. 8:36). O ódio pela lei de Deus é ódio pela vida: é amor pela morte. O governo verdadeiro é governo de acordo com a palavra de Deus, em termos de Sua lei, como um ministro de justiça. Aqueles que desprezam o governo são, de acordo com Moisés (Nm. 15:29-31) e S. Pedro (2Pe. 2:10), culpados do pecado de presunção. Presunção significa tomar para si autoridade e poder, mesmo sem ter permissão ou direito. Sempre que colocamos de lado as leis de Deus com respeito à vida e morte, somos culpados de presunção. Presunção é a marca de um incrédulo. Presunção significa que temos colocado a nós mesmos no lugar de Deus e demandado que a vida e a morte sejam sob os nossos termos somente. Os humanistas presunçosos falam sobre reverência pela vida, mas, ao invés de ter qualquer consideração pela santidade da vida, a visão deles sobre a vida é secular e profana. Vida para eles não tem nenhuma conexão com Deus; é simplesmente um recurso natural que usamos e remodelamos de acordo com os nossos gostos. Eles são presunçosos, isto é, obstinados; o universo deles é essencialmente o seu ego e orgulho intelectual, sua confiança que eles representam a elite que governa ao longo das eras. A presunção deles faz com que desdenhem não apenas de Deus, mas de outros homens também.
Vivemos num dia quando o amor de todos os homens é insistentemente proclamado em teoria, e o ódio massivo de todos os homens é praticado de fato. Ouvimos muito sobre igualdade por parte de homens que nos dizem que eles são nossos superiores e, portanto, sabem o que é melhor para nós. Ouvimos um chamado à unidade de homens cuja cada ação nos divide. Homens presunçosos, porque são obstinados, podem trazer somente anarquia. A fé e obediência trazem unidade porque unem os homens em Cristo, não na vontade do homem. “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Sl. 127:1).

R. J. Rushdoony

A Santidade da Vida I

 
Um dos pensadores mais proeminentes deste século, e um famoso humanista, foi o dr. Albert Schweitzer. Por sua própria declaração, Schweitzer era religiosamente não um cristão, mas um humanitarista. 
Seu princípio religioso básico não era Jesus Cristo, mas a reverência pela vida. Para Schweitzer, reverência pela vida significa que toda vida é igualmente sagrada e santa, e deve ser igualmente reverenciada. A vida do homem e a vida de um verme ou mosquito, a vida de um santo e a vida do criminoso mais depravado, são igualmente sagradas e devem ser igualmente reverenciadas. Qualquer matança, mesmo de plantas e animais para alimento, é um ato culposo de assassinato, de forma que o homem vive somente por culpa. Não pode existir distinção moral entre homens e coisas vivas, pois todos representam igualmente a vida, e toda vida é sagrada e santa.
Em graus diversos, essa crença é comum em nossos dias. Muitos sustentam que a pena de morte é assassinato, um crime contra a vida, e que toda guerra é assassinato, e deve, portanto, ser totalmente condenada. Além do mais, a nova moralidade recusa distinguir entre atos morais e imorais no sentido bíblico: sustenta-se que todos os atos que não fazem violência à vida são morais. A vida é santa, e não pode haver nenhuma discriminação contra qualquer ato que seja um aspecto da vida.
As pessoas que sustentam essa fé são quase sempre pacifistas, embora alguns justificarão a matança de inimigos fascistas da humanidade; eles são contra a pena de morte, e são contra a moralidade cristã, pois alegam que ela é restritiva ou hostil à vida e ao desejo de viver.
Para lidar com essa fé prevalecente, é necessário conhecer a perspectiva bíblica a fundo. A declaração clara dos Dez Mandamentos é “Não matarás”. O significado desse mandamento é que Deus como Criador é Senhor sobre a vida e a morte: “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão” (Dt. 32:39). A vida é o dom de Deus; portanto, ela deve ser vivida sobre os Seus termos e de acordo com a Sua lei. O homem não pode tirar a vida, incluindo a sua, de acordo com sua vontade, sem ser culpado de assassinato. Em muitos Estados, nossa lei ainda reflete a crença cristã que a
tentativa de suicídio é uma tentativa de assassinato, sendo um delito criminal. Como resultado, a sentença de morte contra o assassinato é repetidamente pronunciada na Bíblia: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn. 9:6). “Quem ferir alguém, de modo que este morra, certamente será morto” (Ex. 21:12). Assim, assassinato é um dos crimes que requer pena de morte.
Mas, alguns têm argumentado, como a Bíblia pode de forma lógica pedir que imponhamos a morte como uma penalidade, quando ela nos proíbe de matar? A resposta é simples. O direito de matar não pertence ao homem; pertence a Deus como o autor da vida. A vida pode ser tirada, a pena de morte imposta, somente de acordo com a lei de Deus e sob comissão dele. Repetidamente a Bíblia nos diz, como por exemplo em Romanos 13:1-6, que os oficiais do Estado, oficiais do governo civil, são ministros de Deus. Assim como a igreja representa um ministério da palavra e dos sacramentos, e da disciplina eclesiástica, assim o Estado ou governo civil representa um
ministério, o ministério da justiça, da administração da lei e ordem sob Deus. Além do mais, assim como os oficiais ou ministros da igreja devem crer e serem fiéis a Deus, ou então incorrerão em Sua ira e juízo, assim também os oficiais ou ministros do Estado devem crer e serem fiéis a Deus, caso contrário incorrerão em Sua ira e juízo. Porque os oficiais do Estado exercem o poder de Deus, isto é, o ministério da justiça, com o poder e direito de tirar a vida, eles são mencionados por Deus como “elohim” no Salmo 82, isto é, como deuses. Eles são como deuses no fato de compartilharem da autoridade de Deus sobre a vida humana: a eles é delegado o dever de matar homens que violam as leis de Deus. Quando eles desempenham esse dever de acordo com a palavra de Deus, o seu juízo é considerado como “juízos de Deus”. De acordo com Deuteronômio 1:17, em suas instruções aos oficiais e juízes civis: “Não discriminareis as pessoas em juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande; não temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus”. Se os juízes e oficiais do governo civil falham em guardar as leis de Deus, se eles pervertem a justiça de Deus, então, de acordo com o Salmo 82, embora a autoridade deles seja como a autoridade de um deus, eles “morrerão como homens” (Sl.
82:7). Deus mesmo trará juízo e pena de morte sobre uma nação que despreza a Sua lei.
Como resultado, a partir da perspectiva cristã, a pena de morte não é uma opção do Estado, nem uma questão onde o governo civil tem uma escolha. O Estado tem uma lei rígida, a lei de Deus, que deve ser obedecida, porque a execução de criminosos que incorrem em pena de morte é requerida do Estado, sendo a vida do próprio Estado penalizada se ele desobedecer. Os direitos dos criminosos são protegidos pela lei bíblica. O princípio legal que um homem é inocente diante do tribunal até que seja provada a sua culpa foi derivado da Bíblia. O mesmo é verdade do requerimento de corroboração antes que seja permitido um testemunho contra um homem. Mas a Bíblia deixa claro que o homem cuja culpa foi provada não pode ser objeto de piedade. Salomão resumiu isso da seguinte forma: “Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles” (Pv. 28:4). Aqueles que são cheios de piedade pelo criminoso culpado são eles mesmos homens que deixaram a lei. A piedade deles para com o criminoso é um sinal de depravação.

Cosmovisão Cristã


 
Cosmovisão é uma palavra que se refere ao entendimento que temos de Deus, de nós e do mundo. Em outras palavras, é a resposta à pergunta como interpretamos e explicamos tudo o que existe? Talvez, outras perguntas são necessárias para entendermos a necessidade de conceituar a nossa cosmovisão. Como surgiu o universo? De onde viemos? Quem somos? Qual o propósito da vida? Por que o mal existe? Há sentido no sofrimento? A história terá um final feliz?
Embora estas perguntas pareçam um tanto que filosóficas, elas possuem uma influência muito presente em tudo o que fazemos em nossa vida, e no modo como reagimos nas diferentes situações que enfrentamos. Abaixo está a nossa cosmovisão, ou seja, um resumo de como entendemos e interpretamos o mundo, os acontecimentos e como a nossa vida está inserida e relacionada.
1. Deus é um Ser em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O nosso Deus é infinito, eterno, perfeito imutável em seu Ser, em tudo o que faz manifesta a sua bondade, conhecimento, sabedoria, poder, e a justiça segundo o seu soberano propósito. Ele é o criador de tudo o que existe, pela Palavra do seu poder. Em tudo e todos realiza a sua providência, de modo que, não existe acaso, nem fatalismo nos acontecimentos que vivenciamos, mas o absoluto controle em cada situação. As nossas vidas estão em suas misericordiosas mãos.
2. Deus é pessoal. Ele se revelou através de eventos, do seu Filho e da Palavra. A sua Palavra Ele a fez registra-la progressivamente para que se tornasse o livro de mediação e revelação das suas obras e do seu propósito conosco. Nele Deus fala conosco. Por isso, submetemo-nos à autoridade da Escritura Sagrada como sendo a única fonte e regra de fé e prática. Ela é a inerrante, clara e suficiente Palavra de Deus. Em sua inspirada Palavra, Ele explica como o universo surgiu, quem somos, qual o propósito da nossa vida, bem como o fim de toda a existência.
3. O ser humano foi criado à imagem de Deus. Deus criou a humanidade: homem e mulher, e ambos de igual modo refletem os atributos visíveis de Deus e, também representam o Senhor como administradores responsáveis de preservar e usufruir da criação. Deus fez uma Aliança de vida com Adão. O nosso primeiro pai era o nosso representante nesta Aliança. Todavia, Adão violou esta Aliança ao desobedecer a Deus, perdendo a comunhão espiritual e todos os benefícios dela procedentes. Deste modo, toda a criação foi amaldiçoada, e sobre toda a humanidade creditada esta maldição. O pecado é a herança natural que recebemos de Adão. Com o pecado perdemos a santidade, a justiça e o conhecimento perfeito de Deus. Por causa do pecado houve inimizade, desequilíbrio, perda de significado e por fim a morte, mas isto não era para ser assim. Embora corrompidos ainda somos portadores da imagem de Deus.
4. Satanás e seus demônios, agentes do mal, conspiram contra tudo o que procede de Deus. Ele tentou os nossos primeiros pais, e os induziu a rebelião contra Deus. Ele é orgulhoso, assassino, acusador, e inimigo de Deus. Todavia, Satanás não é co-igual a Deus. Ele é uma criatura submissa ao controle soberano do Senhor, que já condenado haverá de ser banido ao sofrimento eterno sob a ira de Deus.
5. O mal é tão real quanto indesejável o sofrimento por ele produzido em toda a criação. Entretanto, o mal físico é conseqüente maldição do pecado herdado dos nossos primeiros pais. O pecado gera desordem e destruição no indivíduo e sociedade. Todavia, não acreditamos que Deus seja mero espectador da presença do pecado na história da humanidade, mas de modo misterioso participante de tudo, sem ser o culpado, e sem anular a responsabilidade do pecador. Cremos que todas as coisas, em especial aquelas que parecem escombros depois da destruição do pecado, são matéria-prima que Deus está usando para transformar a nossa vida em louvor a Ele.
6. O nascimento de Jesus Cristo teve o propósito de reconciliar pecadores escolhidos com o santo Deus. O sofrimento, obediência, morte e ressurreição de Cristo obtiveram a justiça necessária para merecer-nos a aceitação de Deus, bem como a satisfação da sua ira, realizando a anulação dos nossos pecados. Somos perdoados pela justiça e amor de Cristo Jesus, o nosso salvador. A obra do Filho de Deus é o fundamento para a renovação de toda a criação.
7. O Espírito Santo regenera-nos, concedendo-nos entendimento espiritual para recebermos a Cristo como o nosso salvador. Pela Palavra de Deus recebemos o dom da fé salvadora e arrependimento necessário para a nossa conversão. Em Cristo a justificação é declarada sobre nós. Através da adoção somos feitos participantes da família de Deus. A santificação manifesta e exercida em nossos pensamentos, emoções e ações confirmam a nossa eleição e filiação divina. Somos preservados em graça, pelo poder de Deus, para sermos continuamente salvos até o fim. Deus tem uma graciosa Aliança conosco e os nossos filhos, tendo o Senhor Jesus como o nosso mediador.
8. Cremos que o Espírito Santo está presente dentro de cada um de nós e entre nós. Ele continua a pairar acima do caos, que é o mal que há no mundo, e de nossos pecados, dando forma à nova criação e fazendo de nós novas criaturas. O Espírito nos une no corpo de Cristo, capacitando-nos com dons para o serviço e edificação mútua. A imagem de Deus está sendo restaurada.
9. A Igreja é responsável de ser testemunha da verdade e do amor de Deus neste mundo afetado pelo pecado. Somos o povo escolhido para proclamarmos a mensagem de reconciliação e perdão, convidando pecadores ao arrependimento e para confiarem na suficiência de Cristo para a sua salvação. Temos o compromisso de ouvir, viver e ensinar a Palavra de Deus. Buscamos intimidade com Deus através da oração. Cuidamos uns dos outros no amor de Deus. Vivendo uma comunhão de reciprocidade, cumplicidade e compromisso proporcionando um ambiente de fraternidade.
10. Este mundo que não conhece a paz, experimenta a deterioração dos valores que o preserva. A falta de sentido e propósito também produz a desesperança. A sociedade busca a redenção na tecnologia, cultura, e no sexo, todavia, estes meios têm se mostrado ineficazes de transformar-la. A sociedade pós-moderna inclina-se a não reconhecer a verdade como absoluta, ridicularizando a concepção de Deus. Mas a Igreja é sal e luz do mundo. Estamos chegando ao fim da história humana não em direção ao desespero e caos, mas a consumação do propósito de Deus. Deus há de julgar toda a humanidade de todas as épocas e culturas, a uns dará segundo a sua misericórdia a salvação e a outros segundo a sua justiça a condenação de seus pecados. O Senhor restaurará toda a criação.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eleitos

Jesus Morreu por Todos?



Um dos pontos mais controvertidos da teologia reformada tem a ver com o terceiro item de nossa lista de itens do Capítulo Cinco. É a expiação limitada. Este tem sido um tal problema de doutrina que há multidões de cristãos que dizem que abraçar a maioria das doutrinas do calvinismo, mas saem do barco bem aqui.
Referem-se a si mesmos como os calvinistas dos “quatro pontos”. O ponto que não podem sustentar é a expiação limitada. Freqüentemente tenho pensado que, para ser um calvinista de quatro pontos, é preciso que a pessoa não entenda pelo menos um dos cinco pontos. É difícil imaginar que a pessoa possa entender os outros quatro pontos do calvinismo e negar a expiação limitada. Existe sempre a possibilidade, contudo, da feliz inconsistência pela qual as pessoas sustentam diferentes pontos de vista ao mesmo tempo.
A doutrina da expiação limitada é tão complexa que, para tratá-la adequadamente, seria preciso um volume completo. Nem mesmo dediquei um capítulo inteiro a ela neste volume, porque um capítulo inteiro não lhe faria justiça. Eu pensei em não mencioná-la de todo, porque existe o perigo de que dizer pouco sobre ela seja pior do que não dizer nada. Mas penso que o leitor merece pelo menos um breve resumo da doutrina e assim procederei - com cuidado porque o assunto requer um tratamento mais profundo do que posso conceder aqui.
A questão da expiação limitada tem a ver com a pergunta: “Por quem Cristo morreu? Ele morreu por todos ou somente pelos eleitos?”

Todos concordamos que o valor da expiação de Cristo foi suficientemente grande para cobrir os pecados de todos os seres humanos. Também concordamos que sua expiação é verdadeiramente oferecida a todos os seres humanos. Qualquer pessoa que coloca sua confiança na morte expiatória de Jesus Cristo certamente receberá os completos benefícios dessa propiciação. Estamos também confiantes de que, qualquer que responde à oferta universal do Evangelho será salvo.
A questão é: “Para quem a expiação foi designada?”

Deus mandou Jesus ao mundo meramente para tornar a salvação possível às pessoas? Ou Deus tinha alguma coisa mais definida em mente? (Roger Nicole, o eminente teólogo batista, prefere chamar a expiação limitada de “Expiação Definida”).
Alguns argumentam que tudo o que expiação limitada significa é que os benefícios da expiação são limitados aos crentes que satisfazem as condições necessárias de fé. Isto é, embora a expiação de Cristo fosse suficiente para cobrir os pecados de todos os homens e para satisfazer a justiça de Deus contra todo pecado, ela efetiva a salvação somente para os crentes. A fórmula diz: Suficiente para todos, eficiente somente para os eleitos.
Esse ponto simplesmente serve para nos distinguir dos universalistas, que crêem que a expiação assegurou salvação para todos. A doutrina da expiação limitada vai além disso. Refere-se à questão mais profunda da intenção do Pai e do Filho na cruz. Declara que a missão e morte de Jesus foi restrita a um número limitado — a seu povo, suas ovelhas.
Jesus foi chamado de “Jesus” porque Ele salvaria seu povo de seus pecados (Mt 1.21). O Bom Pastor dá sua vida pelas ovelhas (Jo 10.15). Essas passagens são encontradas freqüentemente no Novo Testamento.
A missão de Cristo era de salvar os eleitos. “E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.39).
Não tivesse havido um número fixo de contemplados por Deus quando Ele designou que Cristo morresse, então os efeitos da morte de Cristo teriam sido incertos. E possível que a missão de Cristo tivesse sido uma tristeza e completo fracasso.
A propiciação de Jesus e sua intercessão são obras conjuntas de seu sumo sacerdócio. Ele explicitamente exclui os não eleitos de sua grande oração sumo sacerdotal: “...não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus...” (Jo 17.9). Cristo morreu por aqueles por quem Ele não orou?
A questão essencial aqui diz respeito à natureza da oferta de Jesus. A oferta de Jesus inclui tanto expiação quanto a propiciação. Expiação envolve a remoção que Cristo faz de nossos pecados “para fora” (ex) de nós. Propiciação envolve uma satisfação pelo pecado “perante ou na presença de” (pro) Deus.

O arminianismo tem uma oferta que é limitada em valor. Não cobre o pecado dos incrédulos. Se Jesus morreu por todos os pecados de todos os homens, se Ele expiou todos os nossos pecados e propiciou todos os nossos pecados, então todos seriam salvos. Uma oferta potencial não é uma oferta verdadeira. Jesus realmente fez oferta pelos pecados de suas ovelhas.

O maior problema com a expiação definida ou limitada é encontrado nas passagens que as Escrituras usam referentes à morte de Cristo “por todos” ou pelo “mundo todo”. O mundo por quem Cristo morreu não pode significar a família humana inteira. Deve referir-se à universalidade dos eleitos (povo de todas as tribos e nações), ou à inclusão dos gentios em acréscimo ao mundo dos judeus. Foi um judeu que escreveu que Jesus não morreu meramente por nossos pecados, mas pelos pecados do mundo todo. Será que a palavra nossos refere-se aos crentes ou aos judeus crentes?
Precisamos nos lembrar de que um dos pontos cardeais do Novo Testamento refere-se à inclusão dos gentios no plano da salvação de Deus. A salvação era dos judeus, mas não restrita aos judeus. Onde quer que seja dito que Cristo morreu por todos, algum limite precisa ser acrescentado, ou a conclusão teria de ser o universalismo ou a mera expiação potencial.
A expiação de Cristo foi real. Ela efetivava tudo o que Deus e Cristo pretendiam dela. O desígnio de Deus não foi e não pode ser frustrado pela incredulidade humana. O Deus soberano soberanamente enviou seu Filho para propiciar pelo seu povo.
Nossa eleição é em Cristo. Somos salvos por Ele, nele e para Ele. O motivo para nossa salvação não é meramente o amor que Deus tem por nós. É especialmente baseada no amor que o Pai tem pelo Filho. Deus insiste que seu Filho verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito. Nunca houve a menor possibilidade de que Cristo pudesse ter morrido em vão. Se o homem está verdadeiramente morto no pecado e preso ao pecado, uma mera expiação potencial ou condicional não somente pode ter acabado em fracasso, como muito certamente teria acabado em fracasso.
Os arminianos não têm razão verdadeira para crer que Jesus não morreu em vão. São deixados com um Cristo que tentou salvar a todos, mas na realidade não salvou ninguém. 

R.C. Sproul (Eleitos de Deus)
Em Cristo
Leomir

Nossos Pecados estão sobre o Cordeiro


“E, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus”. João 1.35-42 (v. 36)
Assim, nosso fundamento principal é que sabemos onde nossos pecados estão colocados. Porque a lei os coloca sobre nossa consciência, mas Deus os afasta de nós e os coloca sobre os ombros do Cordeiro. Pois, se são colocados sobre mim e sobre o mundo, estamos perdidos, porque o pecado é forte e poderoso demais. Mas Deus diz: “Eu sei que seus pecados lhe são pesados demais, por isso, eis que desejo tirá-los de cima de você e colocá-los sobre o meu Cordeiro”. Isso você deve crer, pois se assim fizer, estará livre do pecado. O pecado só pode estar em dois lugares: ou está com você, pesando sobre sua nuca, ou está colocado sobre Cristo, o Cordeiro de Deus. Se o pecado estiver sobre suas costas, você está livre e será salvo. Escolha, pois, o que preferir. Segundo a lei e a justiça, seus pecados deveriam permanecer sobre você; mas, por graça, são colocados sobre Cristo, o Cordeiro. Não fosse assim, e se Deus quisesse entrar em juízo conosco, estaríamos perdidos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Novo Mandamento




Não entendo o por quê de tanta denominação...
Tantos nomes só fazem aumentar nossa divisão.
Muitos títulos, muitas leis,tantas regras banais,
Dificultando a vida ainda mais...
Existe algum valor em tanta discussão?
Por que se afogar nesse mar de confusão?
O que é mais importante? Quem sai ganhando afinal?
Eu não posso esquecer o essencial!
Amar ao meu irmão, assim como Jesus me amou!
Amar ao meu irmão como Jesus me ensinou!
Amar ao meu irmão, assim como Jesus me amou!
Amar ao meu irmão...
Será que sabemos qual é a nossa missão?
Uma única família, uma única visão!
Talvez um dia a gente entenda o que é, na verdade, ser cristão...
Praticar nesse mundo nossa pregação.
Como posso pensar e dizer que amo a Deus
Se não consigo viver em amor com meu irmão?
A quem estamos enganando? Não adianta disfarçar!
O que a gente faz fala muito mais do que só falar!
Amar ao meu irmão, assim como Jesus me amou!
Amar ao meu irmão como Jesus me ensinou!
Amar ao meu irmão, assim como Jesus me amou!
Amar ao meu irmão...
Isso resume, sim, nossa história aqui:
O novo mandamento que devemos seguir!
Isso resume, sim, nossa história aqui:
O novo mandamento que devemos seguir!

Letra da música Novo Mandamento
Fruto Sagrado 
O Segredo - 2001

Elegância


 
‘‘Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.’’
(Colossenses 3:12)

As roupas que nós usamos revelam parte do que somos ou do que pensamos. Existem muitos lugares que exigem certas vestimentas que muitas vezes não gostamos ou que não usamos com frequencia, mas em todos os casos nos vestimos para demonstrar comportamento. Com relação a verdade de Deus não é diferente, vestir as vestimentas da verdade é alta elegancia, que em muito o mundo desconhece. Muitas vezes nós mesmo não gostamos desse tipo de vestimenta, ou achamos que não “combina”. Basicamente, se quisermos “elogios”, essas são as melhores roupas; santidade, temor, sabedoria, prudencia, amor, misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência e muitas outras. São como enfeites, ou como joias de valor superestimado, que não gostariamos de vender, pois tem um valor mais que sentimental, tem um valor eterno. Ao usá-las, aqueles que não as tem ficarão encantados com tanta beleza, proveniente de Deus e serão abeçoados com o seu brilho. Essas peças não estão a venda, são “de gratis”, basta apenas se render ao grande sustentador dessas belezas, na qual está toda a beleza visível, todo o estilo perfeito, sem nenhuma mancha ou desordem, Cristo Jesus.

Em Cristo
Leomir