quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Santidade da Vida II




Uns poucos anos atrás, o pai de uma garota de seis anos de idade que foi brutalmente morta por um pervertido sexual, disse: “Não posso culpar o homem mais do que a sociedade que o produziu”. O criminoso era um homem claramente degenerado. Mas devemos insistir que esse pai era ele mesmo horrivelmente degenerado. Ele estava negando a doutrina da responsabilidade moral pessoal. Estava colocando todo o mundo moral de cabeça para baixo ao chamar o criminoso de vítima. Esse pai estava desprezando a lei de Deus em favor de várias escusas sociológicas para a criminalidade. Salomão expressou claramente as conseqüências de tal delinqüência moral: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável” (Pv. 28:9).
Assim, o poder para matar é o poder de Deus; ele deve ser exercido de acordo com a lei de Deus, e não é o poder do homem, mas de Deus. Esse uso santo do poder para matar também está, de acordo com a Bíblia, envolvido na guerra justa.
Mas esse é apenas um lado da questão. O poder para matar é sob a lei de Deus, e a vida e o viver também estão sob a lei de Deus. Hoje em dia, é popular pensar das leis como uma restrição sobre a vida, e isso é uma atividade amplamente encorajada pelo humanismo existencialista. A vida livre
é a vida além da lei, além do bem e do mal, somos informados; é emancipação da lei e da moralidade. Nossa posição americana histórica, contudo, tem sido a fé cristã que a verdadeira liberdade é sob a lei, a lei de Deus. A sabedoria santa, que significa fé e obediência, é, de acordo com a Escritura, “uma árvore de vida para os que dela tomam” (Pv. 3:18; cf. 11:30). De acordo com a versão de Berkeley do Salmo 19:7: “A lei do SENHOR é perfeita, restaurando a alma”. Ao invés de ser uma forma de prisão, a lei de Deus é para nós a condição de vida.
Analisemos o significado disso: a lei de Deus como a condição de vida. A condição da vida de um peixe, seu ambiente, é a água; tire um peixe da água, e ele morre. A condição da vida de uma árvore, sua saúde e seu meioambiente, é o solo; arranque uma árvore pela raiz, e ela morrerá. Não é um ato de libertação tirar um peixe da água, ou uma árvore do solo. Similarmente, a condição da vida de um homem, o solo da sua saúde moral, espiritual e física, é a lei de Deus. Tirar os homens e as sociedades do mundo da lei de Deus é sentenciá-los ao declínio, queda e morte. Em vez de libertação, é a sua execução. A liberdade do homem é sob a lei de Deus, e a lei de Deus é o ar que dá vida ao homem e à sociedade, a condição básica da sua existência. Quando Moisés chamou Israel a obedecer a lei de Deus e andar pela fé, ele disse: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt. 30:19). “Escolhe pois a vida”, e escolher a vida significa viver em obediência às leis de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, cuja graça salvadora nos capacita a crer e obedecer. Portanto, a lei é a condição da vida do homem porque Deus é o criador da vida e o único fundamento da sua continuação. A lei de Deus é a essência da vida e os termos da vida. Aqueles que adulteram a lei de Deus, ou que advogam qualquer abandono dela, ao invés de buscar liberdade para viver, como alegam, estão na verdade buscando morte. Para um peixe, “escapar” da água é escapar da vida; é uma vontade de morrer. Jesus Cristo, falando como a Sabedoria há décadas, declarou: “Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte” (Pv. 8:36). O ódio pela lei de Deus é ódio pela vida: é amor pela morte. O governo verdadeiro é governo de acordo com a palavra de Deus, em termos de Sua lei, como um ministro de justiça. Aqueles que desprezam o governo são, de acordo com Moisés (Nm. 15:29-31) e S. Pedro (2Pe. 2:10), culpados do pecado de presunção. Presunção significa tomar para si autoridade e poder, mesmo sem ter permissão ou direito. Sempre que colocamos de lado as leis de Deus com respeito à vida e morte, somos culpados de presunção. Presunção é a marca de um incrédulo. Presunção significa que temos colocado a nós mesmos no lugar de Deus e demandado que a vida e a morte sejam sob os nossos termos somente. Os humanistas presunçosos falam sobre reverência pela vida, mas, ao invés de ter qualquer consideração pela santidade da vida, a visão deles sobre a vida é secular e profana. Vida para eles não tem nenhuma conexão com Deus; é simplesmente um recurso natural que usamos e remodelamos de acordo com os nossos gostos. Eles são presunçosos, isto é, obstinados; o universo deles é essencialmente o seu ego e orgulho intelectual, sua confiança que eles representam a elite que governa ao longo das eras. A presunção deles faz com que desdenhem não apenas de Deus, mas de outros homens também.
Vivemos num dia quando o amor de todos os homens é insistentemente proclamado em teoria, e o ódio massivo de todos os homens é praticado de fato. Ouvimos muito sobre igualdade por parte de homens que nos dizem que eles são nossos superiores e, portanto, sabem o que é melhor para nós. Ouvimos um chamado à unidade de homens cuja cada ação nos divide. Homens presunçosos, porque são obstinados, podem trazer somente anarquia. A fé e obediência trazem unidade porque unem os homens em Cristo, não na vontade do homem. “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Sl. 127:1).

R. J. Rushdoony

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