quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Santidade da Vida I

 
Um dos pensadores mais proeminentes deste século, e um famoso humanista, foi o dr. Albert Schweitzer. Por sua própria declaração, Schweitzer era religiosamente não um cristão, mas um humanitarista. 
Seu princípio religioso básico não era Jesus Cristo, mas a reverência pela vida. Para Schweitzer, reverência pela vida significa que toda vida é igualmente sagrada e santa, e deve ser igualmente reverenciada. A vida do homem e a vida de um verme ou mosquito, a vida de um santo e a vida do criminoso mais depravado, são igualmente sagradas e devem ser igualmente reverenciadas. Qualquer matança, mesmo de plantas e animais para alimento, é um ato culposo de assassinato, de forma que o homem vive somente por culpa. Não pode existir distinção moral entre homens e coisas vivas, pois todos representam igualmente a vida, e toda vida é sagrada e santa.
Em graus diversos, essa crença é comum em nossos dias. Muitos sustentam que a pena de morte é assassinato, um crime contra a vida, e que toda guerra é assassinato, e deve, portanto, ser totalmente condenada. Além do mais, a nova moralidade recusa distinguir entre atos morais e imorais no sentido bíblico: sustenta-se que todos os atos que não fazem violência à vida são morais. A vida é santa, e não pode haver nenhuma discriminação contra qualquer ato que seja um aspecto da vida.
As pessoas que sustentam essa fé são quase sempre pacifistas, embora alguns justificarão a matança de inimigos fascistas da humanidade; eles são contra a pena de morte, e são contra a moralidade cristã, pois alegam que ela é restritiva ou hostil à vida e ao desejo de viver.
Para lidar com essa fé prevalecente, é necessário conhecer a perspectiva bíblica a fundo. A declaração clara dos Dez Mandamentos é “Não matarás”. O significado desse mandamento é que Deus como Criador é Senhor sobre a vida e a morte: “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão” (Dt. 32:39). A vida é o dom de Deus; portanto, ela deve ser vivida sobre os Seus termos e de acordo com a Sua lei. O homem não pode tirar a vida, incluindo a sua, de acordo com sua vontade, sem ser culpado de assassinato. Em muitos Estados, nossa lei ainda reflete a crença cristã que a
tentativa de suicídio é uma tentativa de assassinato, sendo um delito criminal. Como resultado, a sentença de morte contra o assassinato é repetidamente pronunciada na Bíblia: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn. 9:6). “Quem ferir alguém, de modo que este morra, certamente será morto” (Ex. 21:12). Assim, assassinato é um dos crimes que requer pena de morte.
Mas, alguns têm argumentado, como a Bíblia pode de forma lógica pedir que imponhamos a morte como uma penalidade, quando ela nos proíbe de matar? A resposta é simples. O direito de matar não pertence ao homem; pertence a Deus como o autor da vida. A vida pode ser tirada, a pena de morte imposta, somente de acordo com a lei de Deus e sob comissão dele. Repetidamente a Bíblia nos diz, como por exemplo em Romanos 13:1-6, que os oficiais do Estado, oficiais do governo civil, são ministros de Deus. Assim como a igreja representa um ministério da palavra e dos sacramentos, e da disciplina eclesiástica, assim o Estado ou governo civil representa um
ministério, o ministério da justiça, da administração da lei e ordem sob Deus. Além do mais, assim como os oficiais ou ministros da igreja devem crer e serem fiéis a Deus, ou então incorrerão em Sua ira e juízo, assim também os oficiais ou ministros do Estado devem crer e serem fiéis a Deus, caso contrário incorrerão em Sua ira e juízo. Porque os oficiais do Estado exercem o poder de Deus, isto é, o ministério da justiça, com o poder e direito de tirar a vida, eles são mencionados por Deus como “elohim” no Salmo 82, isto é, como deuses. Eles são como deuses no fato de compartilharem da autoridade de Deus sobre a vida humana: a eles é delegado o dever de matar homens que violam as leis de Deus. Quando eles desempenham esse dever de acordo com a palavra de Deus, o seu juízo é considerado como “juízos de Deus”. De acordo com Deuteronômio 1:17, em suas instruções aos oficiais e juízes civis: “Não discriminareis as pessoas em juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande; não temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus”. Se os juízes e oficiais do governo civil falham em guardar as leis de Deus, se eles pervertem a justiça de Deus, então, de acordo com o Salmo 82, embora a autoridade deles seja como a autoridade de um deus, eles “morrerão como homens” (Sl.
82:7). Deus mesmo trará juízo e pena de morte sobre uma nação que despreza a Sua lei.
Como resultado, a partir da perspectiva cristã, a pena de morte não é uma opção do Estado, nem uma questão onde o governo civil tem uma escolha. O Estado tem uma lei rígida, a lei de Deus, que deve ser obedecida, porque a execução de criminosos que incorrem em pena de morte é requerida do Estado, sendo a vida do próprio Estado penalizada se ele desobedecer. Os direitos dos criminosos são protegidos pela lei bíblica. O princípio legal que um homem é inocente diante do tribunal até que seja provada a sua culpa foi derivado da Bíblia. O mesmo é verdade do requerimento de corroboração antes que seja permitido um testemunho contra um homem. Mas a Bíblia deixa claro que o homem cuja culpa foi provada não pode ser objeto de piedade. Salomão resumiu isso da seguinte forma: “Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles” (Pv. 28:4). Aqueles que são cheios de piedade pelo criminoso culpado são eles mesmos homens que deixaram a lei. A piedade deles para com o criminoso é um sinal de depravação.

1 comentários:

Pedro Fernandes disse...

Na verdade, parece haver um abismo entre o humanismo puramente horizontal da visão de amor ao próximo da fé cristã.

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